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Título
Análise discursiva da representação de feminicídios no jornal Correio Braziliense
Ano de publicação
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Resumo
Esta dissertação é resultado de uma pesquisa que visou investigar, à luz dos Estudos Críticos do Discurso (ECD), o cenário de representação de feminicídios, analisando as estratégias discursivas do jornal Correio Braziliense para apresentar os crimes de feminicídio – os discursos que foram apropriados; as perspectivas acerca dos casos; os gêneros jornalísticos e os estilos usados nas narrativas; os estereótipos de vítimas e agressores/ feminicidas. O corpus da pesquisa é composto por 151 textos publicados no site do jornal no período de 1º de março de 2015 a 31 de março de 2019, considerando como marco inicial a publicação da Lei do Feminicídio e como marco final os quatro anos da referida lei. Para a organização dos dados, foi utilizado o software de auxílio à pesquisa qualitativa NVivo, que proporcionou o mapeamento dos cenários de representação dos crimes de feminicídio e das imagens de vítimas e agressores/ feminicidas. Neste estudo, as categorias analíticas utilizadas foram a estrutura genérica (FAIRCLOUGH, 2003), a análise de léxico, a legitimação (VAN LEEUWEN, 2008; VAN LEEUWEN, WODAK, 1999), a interdiscursividade (FAIRCLOUGH, 2003), além dos conceitos de normalização, normalidade e normalismo (JÄGER, 2017). Os resultados apontam para a importância de se olhar para os gêneros também por sua relação com os suportes que materializam os textos, já que as novas tecnologias mudam nossas relações sociais e que um momento da ordem do discurso (o suporte) tem o potencial de mudar a prática inteira da qual faz parte (as relações sociais, as atividades materiais). Apontam, também, que os textos jornalísticos constroem narrativas do chamado continuum de violência a partir da articulação de discursos machistas, patriarcais, de posse, de medo, de violência e, ao reproduzi-los, o Correio Braziliense filia seus textos a discursos normalizadores da violência em âmbito doméstico, contribuindo para a manutenção de um entendimento de que pouco pode ser feito para evitar a violência doméstica e o feminicídio. O veículo legitima essas narrativas ao lançar mão das fontes jornalísticas em que se baseia para colher o essencial das matérias (ou eventos) e, assim, recontextualizar os feminicídios. As escolhas lexicais indicam a culpabilização de vítimas e a pouca responsabilização de agressores/ feminicidas, reproduzindo, assim, estereótipos criados por sociedades machistas e patriarcais que consideram o corpo feminino como pertencente ao homem.
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Referência
VENTURA, Kárin Giselle Ferreira. Análise discursiva da representação de feminicídios no jornal Correio Braziliense. 2021. 140 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) — Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Direito autoral
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Assunto
Análise de discurso | Análise de discurso crítica | Estudos críticos do discurso | Feminicídio